quarta-feira, 21 de agosto de 2013

UNIFICAÇÃO ITALIANA - ANÁLISE




Além de grande importância para a formação da nação, o processo revolucionário da França teve importante papel em cirar uma nova perspectiva a ser firmada na Europa. Napoleão foi a personagem principal na difusão do nacionalismo pelo continente, sentimento que encheu a mente dos italianos com ideais de uma nação, de um território unido, e não fragmentado, como ainda era.
 
Neste ínterim, surgiram protagonistas essenciais no processo da Unificação Italiana. Após tentativas de unificar a Itália através de uma revolução espontânea da classe trabalhadora, comandada por universitários e intelectuais, e implantar os ideais liberais, Giuspeppe Mazzini, acompanhado de seu grupo chamado Jovem Itália, queriam formar uma república democrática. Em seus discursos, Mazzini deixava bem claro a sua indignação com o fato de não terem bandeira nem nome político, tal como uma língua comum. Entretanto suas estratégias de implantar uma nação republicana bateu de frente com os interesses burgueses, resultando no fracasso do propósito. Ainda com desejo de unificação, o processo passou a ser guiado pelo reindo do norte, que almejava um reino com sistema político monárquico constitucional.
 
Cavour teve o apoio da burguesia e dos proprietários rurais e seu principal ponto de manipulação política um plano de modernização da economia e do exército do Piemonte, tal como a unificação da moeda, para facilitar as trocas e, consequentemente, dinamizar a economia, e desenvolver a imagem do território como integrado. E a modernização do exército garantiria a formação de um exército nacional (com recrutamento obrigatório), em contraponto às forças locais até então vigentes. A busca pela identidade e a valorização do nacionalismo foram estratégias usadas para unificação.




Existiam e ainda existem inúmeros dialetos em cada região, como o sardo na Sardegna, o napolitano na Campania, o piemontês no Piedmonte, o siciliano na Sicilia, o calabrês na calábria, o esloveno em Trieste, o alemão e o ladino em Bolzano e tantos outros.  No século XIX, com a unificação, se promulgou o italiano como língua oficial. Mas os diversos dialetos prevaleciam.



Em suma, o processo de Unificação Italiana garantiu uma ampliação territorial e de poderio, ao mesmo tempo que havia diferenças de cunho histórico, linguístico e cultural, a diferença do desenvolvimento econômico observado nas regiões norte e sul.




segunda-feira, 8 de julho de 2013

O NACIONALISMO EMERGENTE NAS MANIFESTAÇÕES


QUAL O CARÁTER DO NACIONALISMO QUE EMERGE NAS MANIFESTAÇÕES ATUAIS? 

Um país mudo não muda!


O Brasil tem sido palco de grandes manifestações sócio-políticas que tomaram conta de ruas das maiores cidades do país, onde o povo finalmente tomou frente à situação caótica no qual se encontra o Estado brasileiro e decidiu mostrar, apesar das inúmeras tentativas de repressão, o que realmente pensa disso tudo. Além disso, povo mostrou muita criatividade ao mostrar sua opinião através de cartazes onde rejeitavam o governo e a ordem vigente, incentivado pelo intenso sentimento nacionalista presente.
A origem do nacionalismo remonta ao período pós Revolução Francesa, no qual havia também se via um grande crescimento da classe burguesa, onde o povo lutava contra as imposições do absolutismo e a vontade da nação se confundia com o desejo de suspender qualquer hábito ou lei que estabelecesse o privilégio de um grupo em detrimento da maioria. Algo que coincide muito com a realidade vivida por nós, brasileiros.
É importante ressaltar o importante papel da mídia como difusora do nacionalismo pelo país, entretanto, dessa vez, a confiança da população nos veículos tradicionais despencou, tendo em vista, primeiramente, a omissão de informações ligadas aos protestos. Por outro lado, um ponto de destaque neste ínterim foi a grande influência das redes sociais, meio pelo qual os próprios manifestantes mostraram suas opiniões e organizaram os movimentos, como forma de renegar não só a política Estatal mas também a mídia que até então via as movimentações como uma fonte de protestos sem base. Com o avanço e com o fortalecimento das protestações, os meios de comunicação social acabaram mudando de opinião, mostrando-se a favor daquela publicada nas redes sociais. Esse fato é ironizado pela mídia  argentina, que brinca com essa mudança de opinião  de uma emissora brasileira. (vídeo acima)
Por outro lado, são respeitáveis as declarações de figuras públicas (como artistas e atletas) que também são cidadãos brasileiros, e assim como todos, lutam por um Brasil melhor. Esse fato ainda é importante, pois percebe-se que o futebol, a grande paixão do brasileiro, além de já ser uma característica marcante do povo, ainda contribui para a difusão de ideias de transformação, favorecendo ao nacionalismo que efervescia neste período. Vide a declaração do jogador Juninho.

O futebol, mais especificadamente, a Copa das Confederações, foi alvo de várias críticas da população, que levou os protestos às portas dos estádios, buscando resposta para os gastos inexplicáveis com a construção dos mesmos.
Em síntese, pode-se afirmar sem sombra de dúvidas o caráter nacionalista desses movimentos ocorridos, devido a presença de diversas características do nacionalismo, tais como a busca por valores fundamentais como o bem-estar, a preservação das características de identidade, a independência em todas as ordens e a glória e a lealdade à nação própria.

A charge abaixo faz uma comparação entre a Primavera Árabe e os manifestos ocorridos no Brasil.
http://oferrao.atarde.uol.com.br/?p=9768

UNIFICAÇÕES NA EUROPA

UNIFICAÇÕES NA EUROPA

Itália e Alemanha - Dois casos tardios


“Nação é a reunião de pessoas, geralmente do mesmo grupo étnico, que falam o mesmo idioma e tem os mesmos costumes, formando assim, um povo. Uma nação se mantém unida pelos hábitos, tradições, religião, língua e consciência nacional.” O termo “nação” estava em alta no século XIX, principalmente depois da difusão do nacionalismo feito por Napoleão, durante a expansão do seu Império. Durante a Idade Média, os Estados europeus tenderam a se centralizar em torno do rei. Com o passar do tempo, o rei passou a ter o caráter de monarca absolutista, para depois o território ter originado os Estados Modernos (por meio de revoluções e levantes) da Europa Ocidental. Entretanto, houve duas exceções desta tendência: Apenas o Sacro Império Germânico e a Itália não trilharam o caminho da união.

UNIFICAÇÃO ITALIANA








“Proteger os animais contra a crueldade dos homens, dar alimentos aos que estão com fome, dar de beber aos que estão com sede, ajudar os que estão exaustos pelo cansaço ou doença, esta é a virtude mais bela do forte para com o fraco.”

Giuseppe Garibaldi








ANTECEDENTES

1.    Configuração político territorial sob forte influência das determinações do Congresso de Viena de 1814, onde a região da atual Itália ficara dividida em oito estados, sendo alguns até controlados pela Áustria.
2.    Havia uma significativa diferença entre a região norte da península itálica, principalmente tratando-se do reino de Piemonte-Sardenha, que era muito mais desenvolvida que o resto do território. Sendo assim, era de grande interesse da elite local que houvesse a unificação do território, concomitante à unificação de padrões, impostos, moedas etc., para que o comércio fosse facilitado, e o mercado consumidor aumentado. Portanto, o início do movimento se deu por parte deste reino.
3.    Um dos primeiros movimentos nacionalista foi o dos carbonários. A carbonária queria unificar a Itália através de uma revolução espontânea da classe trabalhadora, comandada por universitários e intelectuais, e implantar os ideais liberais. As revoluções foram sufocadas por Luís Napoleão, então rei da França e pela família Habsburgo, da Áustria, com o objetivo de manter o poder na Itália. O fracasso das revoluções mostrou que a unificação não seria alcançada por idealismo.
4.    A segunda tentativa de unificação partiu de um grupo chamado Jovem Itália, comandado por Giuseppe Mazzini. A organização Jovem Itália defendia a independência e a transformação da Itália numa república democrática através da levante popular, onde o objetivo era educar o povo, ensina a rebelião. Além de o projeto desagradar à burguesia e de terem obtido sucesso militar, acabaram derrotados pelo poderoso exército austríaco. Mesmo assim, o ideal nacionalista continuou ainda mais forte em toda a península Itálica.
5.    Processo de unificação passou a ser guiado pelo Reino de Piemonte-Sardenha, cujo primeiro ministro era Camilo Cavour.

LIDERANÇAS
Giuseppe Garibaldi - Garibaldi, então soldado e líder de guerrilha, era o típico jovem que aderiria à causa da liberdade italiana. Forçado a deixar o país em 1834, ele passou algum tempo nos Estados Unidos e lutou na Rebelião do Rio Grande do Sul, no Brasil, em 1836. Em 1848, quando a revolução irrompeu na França e na Áustria, e o povo da Itália também se rebelou, ele voltou para casa e se uniu aos patriotas. Em 11 de maio de 1860, Garibaldi atracou na Ilha da Sicília com mil homens para iniciar sua campanha militar. Depois de conquistar a Sicília e de estabelecer um governo provisório, ele uniu forças com o rei da Sardenha, Vitório Emanuele II, que havia anexado a Lombardia a seu reino em 1859. Juntos, eles libertaram os estados italianos, um a um. Em 1861, Vitório Emanuele foi coroado rei da nova Itália unificada.

Giuseppe Mazzini - Foi o fundador do movimento Giovine Itália (Jovem Itália), que criou com o objetivo de difundir a opinião dos compatriotas e dele mesmo, que consistia na consituição de uma nação "Una, Independente, Libera, Republicana".

Conde Camilo Cavour - Camilo Cavour foi um dos líderes do Risorgimento, que representava todos os que almejavam a unificação em torno do Piemonte, com o estabelecimento de uma monarquia constitucional. Para alcançar tal objetivo, Cavour teve o apoio da burguesia e dos proprietários rurais e colocou em prática um plano de modernização da economia e do exército do Piemonte. Cavour, em seu projeto de unificação, viu necessária alguma aliança militar.

CONFLITOS
Os principais conflitos foram as guerras contra a Dinamrca, contra a França e contra a Áustria. Cavour estabeleceu uma aliança secreta com a França de Napoleão III, depois começou a usar a imprensa para provocar a Áustria. Esta, por sua vez, deu sua resposta declarando guerra ao Reino Sacro-Pimontês. Contando com a ajuda da França, o exército de Cavour obteve expressivas vitórias. A família Habsburgo foi obrigada a entregar os seus territórios. No mesmo ínterim, Giuseppe Garibaldi invadia o Reino das Duas Sicílias com dez mil soldados, chamados de camisas vermelhas, libertaram a Sicília e o sul da Itália, até então governados pelo monarca absolutista da família Bourbon, Francisco II.
Em 1861, com a maior parte do atual território italiano sob seu controle, Victor Emanuel II foi proclamado rei da Itália. Ainda faltava a conquista de Veneza e Roma para que o processo se completasse. A Prússia (devido a motivos relacionados ao processo de unificação alemão, visto que a Prússia liderou tal projeto) se uniu à Itália para expulsar os austríacos que dominavam Veneza, e assim foi feito, no ano de 1866.
No momento em que só faltava Roma para a formação do atual conhecido território italiano, a França se colocou contra as forças italianas. Todavia, em 1870, durante a Guerra Franco-Prussiana, a França foi obrigada a abandonar Roma e focar na outra guerra. As forças de unificação invadiram Roma, transformando-a na capital italiana. Em 1871, Vitor Emanuel, transferiria-se para Roma completando o processo de unificação.

BASE IDEOLÓGICA
A base ideológica da unificação italiana reside no republicanismo, que influenciou na questão do domínio do reino de piemonte-sardanha. E, principalmente, o nacionalismo difundido por toda a nação.

DESDOBRAMENTOS
Além das diferenças de cunho histórico, linguístico e cultural, a diferença do desenvolvimento econômico observado nas regiões norte e sul foi outro entrave na criação da Itália. Com tantos passando fome no Sul, tem início uma onda de assaltos e furtos. Com o tempo, estes protetores se desenvolvem e estruturam, não tardando para que esta tarefa cumprida à margem do Estado se torne ilegal, uma vez que revela ser extremamente lucrativa, estendendo-se também para os proprietários de estabelecimentos comerciais urbanos, nasce a chamada Máfia Italiana.; Também temos a questão da grande imigração de pessoas que residiam no sul para as américas em busca de melhores condições de vida e por último temos o papa Pio IX, que não aceitou a perda dos domínios territoriais da Igreja e rompeu relações com o governo italiano, considerou-se prisioneiro e fechou-se no Vaticano. Assim nasceu a Questão Romana que só foi resolvida em 1929 quando foi assinado o Tratado de Latrão. Por esse acordo, foi criado o Estado do Vaticano dirigido pela Igreja Católica.

UNIFICAÇÃO ALEMÃ






"Praticamente não existe palavra nos dias de hoje que se tenha usado tão mal como a palavra ''livre'' ... Não confio nela porque ninguém quer a liberdade para todos; todos a querem para si."
Otto Von Bismarck



Igualmente a Itália, a Alemanha viveu um processo de unificação tardio. E a origem dos conflitos políticos e sociais que tiveram lugar na atual Alemanha ao longo do século XIX também pode ser identificada no Congresso de Viena. Contudo, vejamos alguns antecedentes do Congresso.





ANTECEDENTES
1.    Nunca houve fronteiras delimitadas, mas a primeira forma de “agrupamento” dos povos que habitam a região germânica foi com o Sacro Império Romano, também chamado de 1º Reich. Com o Sacro Império em decadência, concomitantemente com o processo de formação dos Estados Nacionais ao redor da Europa, a região germânica ficou fragmentada em aproximadamente trezentos Estados.
2.    Com o Congresso de Viena, essas dezenas de Estados passaram a ser 38 Estados independentes, na chamada Confederação Germânica. Entre todos eles, Áustria e Prússia eram as nações mais poderosas e tinham posições divergentes. Enquanto a Áustria e não via com bons olhos a ideia da unificação alemã, a Prússia, formada por uma população mais conservadora e sem grandes desigualdades, acreditava que desta forma era possível proporcionar um grande desenvolvimento à região.
3. A liderança da unificação alemã ficou com a Prússia, pois este era o Estado alemão mais industrializado e com grande importância política na Europa. Era também a maior potência militar entre os estados alemães. Na década de 1830, a elite prussiana criou uma política de livre circulação de mercadorias na região e unificação de moedas, que excluía diretamente as negociações com a Áustria, já que a nação era marcada por uma diversidade de povos, que trariam (supostamente) instabilidade. Conhecido como Zollverein (unificação econômica), a liga aduaneira causou um impacto negativo na economia austríaca ao abolir as taxas alfandegárias das monarquias envolvidas.

LIDERANÇAS
Em 1862, o rei da Prússia nomeou Otto Von Bismarck como primeiro-ministro, o que foi fundamental para a unificação alemã. Bismarck defendia a centralização, baseada no ferro e no sangue. O ferro significava a indústria, na qual ele investira fortemente na busca de novas tecnologias militares. Tornou- se conhecido como o "Chanceler de Ferro". Além disso, sua política se baseou no nacionalismo e no militarismo. Foi um período de recrutamento obrigatório e de grande investimento militar, visto a presença de escolas militares.

CONFLITOS
As guerras do período começaram com a Guerra dos Ducados. Em 1864, Bismarck declarou guerra à Dinamarca, com o apoio do Império da Áustria. A vitória no conflito, garantiu a esses dois estados a posse dos territórios de Schleswig e Holstein. Mas, logo em seguida, em razão de divergências quanto à administração dos ducados (supostamente), Prússia e Áustria iniciaram um novo conflito, conhecido como Guerra Austro-Prussiana. Bismarck saiu vencedor novamente do conflito, e tal vitória foi de suma importância naquele contexto, uma vez que reduziu a grande influência política dos austríacos, abrindo o caminho para a criação da Confederação Germânica dos Estados do Norte. Mesmo com a unificação do Norte, os Estados do sul se mantiveram neutros, e Von Bismarck não interveio nessa situação. Para finalmente unificar toda a nação alemã, a estratégia do primeiro-ministro era a de provocar uma grande guerra e despertar o espírito nacionalista em todos os alemães. França foi o alvo, já que era declaradamente contra tal unificação. Em 1º de Setembro de 1870, os franceses foram derrotados

BASE IDEOLÓGICA
Semelhantemente à unificação italiana, as correntes ideológicas que estiverem envolvidas nesse processo foram o nacionalismo e o liberalismo, tal com o sentimento de patriotismo.

DESDOBRAMENTOS
Após todos estes conflitos, o império alemão finalmente se unificou e começou a viver um período de grande desenvolvimento econômico e industrial. A unificação alemã se completou em janeiro de 1871, quando, no Palácio de Versalhes, antiga sede da monarquia francesa, Guilherme 1º foi coroado o primeiro kaiser da Alemanha unificada. O tratado que encerrou a guerra, porém, seria assinado apenas em maio de 1871.