UNIFICAÇÕES NA EUROPA
Itália e Alemanha - Dois casos tardios
“Nação é a reunião de pessoas, geralmente do mesmo grupo étnico, que falam o mesmo idioma e tem os mesmos costumes, formando assim, um povo. Uma nação se mantém unida pelos hábitos, tradições, religião, língua e consciência nacional.” O termo “nação” estava em alta no século XIX, principalmente depois da difusão do nacionalismo feito por Napoleão, durante a expansão do seu Império. Durante a Idade Média, os Estados europeus tenderam a se centralizar em torno do rei. Com o passar do tempo, o rei passou a ter o caráter de monarca absolutista, para depois o território ter originado os Estados Modernos (por meio de revoluções e levantes) da Europa Ocidental. Entretanto, houve duas exceções desta tendência: Apenas o Sacro Império Germânico e a Itália não trilharam o caminho da união.
UNIFICAÇÃO ITALIANA
“Proteger os animais contra a crueldade dos homens,
dar alimentos aos que estão com fome, dar de beber aos que estão com sede,
ajudar os que estão exaustos pelo cansaço ou doença, esta é a virtude mais bela
do forte para com o fraco.”
Giuseppe Garibaldi
ANTECEDENTES
1. Configuração
político territorial sob forte influência das determinações do Congresso de
Viena de 1814, onde a região da atual Itália ficara dividida em oito estados,
sendo alguns até controlados pela Áustria.
2. Havia uma
significativa diferença entre a região norte da península itálica,
principalmente tratando-se do reino de Piemonte-Sardenha, que era muito mais
desenvolvida que o resto do território. Sendo assim, era de grande interesse da
elite local que houvesse a unificação do território, concomitante à unificação
de padrões, impostos, moedas etc., para que o comércio fosse facilitado, e o
mercado consumidor aumentado. Portanto, o início do movimento se deu por parte
deste reino.
3. Um dos primeiros
movimentos nacionalista foi o dos carbonários. A carbonária queria unificar a
Itália através de uma revolução espontânea da classe trabalhadora, comandada
por universitários e intelectuais, e implantar os ideais liberais. As
revoluções foram sufocadas por Luís Napoleão, então rei da França e pela
família Habsburgo, da Áustria, com o objetivo de manter o poder na Itália. O
fracasso das revoluções mostrou que a unificação não seria alcançada por
idealismo.
4. A segunda tentativa
de unificação partiu de um grupo chamado Jovem Itália, comandado por Giuseppe
Mazzini. A organização Jovem Itália defendia a independência e a transformação
da Itália numa república democrática através da levante popular, onde o
objetivo era educar o povo, ensina a rebelião. Além de o projeto desagradar à
burguesia e de terem obtido sucesso militar, acabaram derrotados pelo poderoso
exército austríaco. Mesmo assim, o ideal nacionalista continuou ainda mais
forte em toda a península Itálica.
5. Processo de
unificação passou a ser guiado pelo Reino de Piemonte-Sardenha, cujo primeiro
ministro era Camilo Cavour.
LIDERANÇAS
Giuseppe Garibaldi - Garibaldi, então
soldado e líder de guerrilha, era o típico jovem que aderiria à causa da
liberdade italiana. Forçado a deixar o país em 1834, ele passou algum tempo nos
Estados Unidos e lutou na Rebelião do Rio Grande do Sul, no Brasil, em 1836. Em
1848, quando a revolução irrompeu na França e na Áustria, e o povo da Itália
também se rebelou, ele voltou para casa e se uniu aos patriotas. Em 11 de maio
de 1860, Garibaldi atracou na Ilha da Sicília com mil homens para iniciar sua
campanha militar. Depois de conquistar a Sicília e de estabelecer um governo
provisório, ele uniu forças com o rei da Sardenha, Vitório Emanuele II, que
havia anexado a Lombardia a seu reino em 1859. Juntos, eles libertaram os estados
italianos, um a um. Em 1861, Vitório Emanuele foi coroado rei da nova Itália
unificada.
Giuseppe Mazzini - Foi o fundador do
movimento Giovine Itália (Jovem Itália), que criou com o objetivo de difundir a
opinião dos compatriotas e dele mesmo, que consistia na consituição de uma
nação "Una, Independente, Libera, Republicana".
Conde Camilo Cavour - Camilo Cavour foi
um dos líderes do Risorgimento, que representava todos os que almejavam a
unificação em torno do Piemonte, com o estabelecimento de uma monarquia
constitucional. Para alcançar tal objetivo, Cavour teve o apoio da burguesia e
dos proprietários rurais e colocou em prática um plano de modernização da
economia e do exército do Piemonte. Cavour, em seu projeto de unificação, viu
necessária alguma aliança militar.
CONFLITOS
Os principais
conflitos foram as guerras contra a Dinamrca, contra a França e contra a
Áustria. Cavour estabeleceu uma aliança secreta com a França de Napoleão III,
depois começou a usar a imprensa para provocar a Áustria. Esta, por sua vez,
deu sua resposta declarando guerra ao Reino Sacro-Pimontês. Contando com a
ajuda da França, o exército de Cavour obteve expressivas vitórias. A família
Habsburgo foi obrigada a entregar os seus territórios. No mesmo ínterim,
Giuseppe Garibaldi invadia o Reino das Duas Sicílias com dez mil soldados,
chamados de camisas vermelhas, libertaram a Sicília e o sul da Itália, até
então governados pelo monarca absolutista da família Bourbon, Francisco II.
Em 1861, com a
maior parte do atual território italiano sob seu controle, Victor Emanuel II
foi proclamado rei da Itália. Ainda faltava a conquista de Veneza e Roma para
que o processo se completasse. A Prússia (devido a motivos relacionados ao
processo de unificação alemão, visto que a Prússia liderou tal projeto) se uniu
à Itália para expulsar os austríacos que dominavam Veneza, e assim foi feito,
no ano de 1866.
No momento em que
só faltava Roma para a formação do atual conhecido território italiano, a
França se colocou contra as forças italianas. Todavia, em 1870, durante a
Guerra Franco-Prussiana, a França foi obrigada a abandonar Roma e focar na
outra guerra. As forças de unificação invadiram Roma, transformando-a na
capital italiana. Em 1871, Vitor Emanuel, transferiria-se para Roma completando
o processo de unificação.
BASE
IDEOLÓGICA
A
base ideológica da unificação italiana reside no republicanismo, que
influenciou na questão do domínio do reino de piemonte-sardanha. E,
principalmente, o nacionalismo difundido por toda a nação.
DESDOBRAMENTOS
Além das diferenças
de cunho histórico, linguístico e cultural, a diferença do desenvolvimento
econômico observado nas regiões norte e sul foi outro entrave na criação da
Itália. Com tantos passando fome no Sul, tem início uma onda de assaltos e
furtos. Com o tempo, estes protetores se desenvolvem e estruturam, não tardando
para que esta tarefa cumprida à margem do Estado se torne ilegal, uma vez que
revela ser extremamente lucrativa, estendendo-se também para os proprietários
de estabelecimentos comerciais urbanos, nasce a chamada Máfia Italiana.; Também
temos a questão da grande imigração de pessoas que residiam no sul para as
américas em busca de melhores condições de vida e por último temos o papa Pio
IX, que não aceitou a perda dos domínios territoriais da Igreja e rompeu relações
com o governo italiano, considerou-se prisioneiro e fechou-se no Vaticano.
Assim nasceu a Questão Romana que só foi resolvida em 1929 quando foi assinado
o Tratado de Latrão. Por esse acordo, foi criado o Estado do Vaticano dirigido
pela Igreja Católica.
UNIFICAÇÃO ALEMÃ
"Praticamente não existe palavra nos dias de
hoje que se tenha usado tão mal como a palavra ''livre'' ... Não confio nela
porque ninguém quer a liberdade para todos; todos a querem para si."
Otto Von Bismarck
Igualmente a Itália, a Alemanha
viveu um processo de unificação tardio. E a origem dos conflitos políticos e
sociais que tiveram lugar na atual Alemanha ao longo do século XIX também pode
ser identificada no Congresso de Viena. Contudo, vejamos alguns antecedentes do
Congresso.
ANTECEDENTES
1. Nunca houve fronteiras delimitadas, mas a primeira forma de
“agrupamento” dos povos que habitam a região germânica foi com o Sacro Império
Romano, também chamado de 1º Reich. Com o Sacro Império em decadência,
concomitantemente com o processo de formação dos Estados Nacionais ao redor da
Europa, a região germânica ficou fragmentada em aproximadamente trezentos
Estados.
2. Com o Congresso de Viena, essas dezenas de Estados passaram a ser 38
Estados independentes, na chamada Confederação Germânica. Entre todos eles,
Áustria e Prússia eram as nações mais poderosas e tinham posições divergentes.
Enquanto a Áustria e não via com bons olhos a ideia da unificação alemã, a
Prússia, formada por uma população mais conservadora e sem grandes
desigualdades, acreditava que desta forma era possível proporcionar um grande
desenvolvimento à região.
3. A liderança da unificação alemã ficou com a Prússia, pois este era o
Estado alemão mais industrializado e com grande importância política na Europa.
Era também a maior potência militar entre os estados alemães. Na década de
1830, a elite prussiana criou uma política de livre circulação de mercadorias
na região e unificação de moedas, que excluía diretamente as negociações com a
Áustria, já que a nação era marcada por uma diversidade de povos, que trariam
(supostamente) instabilidade. Conhecido como Zollverein (unificação econômica),
a liga aduaneira causou um impacto negativo na economia austríaca ao abolir as
taxas alfandegárias das monarquias envolvidas.
LIDERANÇAS
Em 1862, o rei da Prússia nomeou Otto
Von Bismarck como primeiro-ministro, o que foi fundamental para a
unificação alemã. Bismarck defendia a centralização, baseada no ferro e no
sangue. O ferro significava a indústria, na qual ele investira fortemente na
busca de novas tecnologias militares. Tornou- se conhecido como o
"Chanceler de Ferro". Além disso, sua política se baseou no
nacionalismo e no militarismo. Foi um período de recrutamento obrigatório e de
grande investimento militar, visto a presença de escolas militares.
CONFLITOS
As guerras do período começaram com a Guerra dos Ducados. Em 1864, Bismarck
declarou guerra à Dinamarca, com o apoio do Império da Áustria. A vitória no
conflito, garantiu a esses dois estados a posse dos territórios de Schleswig e
Holstein. Mas, logo em seguida, em razão de divergências quanto à administração
dos ducados (supostamente), Prússia e Áustria iniciaram um novo conflito,
conhecido como Guerra Austro-Prussiana. Bismarck saiu vencedor novamente do
conflito, e tal vitória foi de suma importância naquele contexto, uma vez que
reduziu a grande influência política dos austríacos, abrindo o caminho para a
criação da Confederação Germânica dos Estados do Norte. Mesmo com a unificação
do Norte, os Estados do sul se mantiveram neutros, e Von Bismarck não interveio
nessa situação. Para finalmente unificar toda a nação alemã, a estratégia do
primeiro-ministro era a de provocar uma grande guerra e despertar o espírito
nacionalista em todos os alemães. França foi o alvo, já que era declaradamente
contra tal unificação. Em 1º de Setembro de 1870, os franceses foram derrotados
BASE IDEOLÓGICA
Semelhantemente à unificação italiana, as correntes ideológicas que
estiverem envolvidas nesse processo foram o nacionalismo e o liberalismo, tal
com o sentimento de patriotismo.
DESDOBRAMENTOS
Após todos estes
conflitos, o império alemão finalmente se unificou e começou a viver um período
de grande desenvolvimento econômico e industrial. A unificação alemã se completou
em janeiro de 1871, quando, no Palácio de Versalhes, antiga sede da monarquia
francesa, Guilherme 1º foi coroado o primeiro kaiser da Alemanha unificada. O
tratado que encerrou a guerra, porém, seria assinado apenas em maio de 1871.